sábado, 2 de janeiro de 2010

Santíssimo Nome de Jesus / Beato Ciríaco Elias Chavara, Fundador da Ordem Carmelita de Maria Imaculada (+1871), 03 de Janeiro




                                          "Deram-lhe o nome de Jesus" (Lc 2, 21)

"Ainda que seja inefável o nome santíssimo de Jesus que foi imposto na Circuncisão a Cristo Senhor, Redentor do gênero humano, todavia para não nos calarmos completamente em tão grande solenidade, alguma coisa apresentaremos em louvor e glória de tão grande nome, diante do qual 'todo o joelho se dobra nos Céus, na Terra e nos Infernos' (Fil 2, 10). Porque tão grande é a consolação da alma que se alegra em Cristo, que a pobreza se torna como riquezas, a aspereza como delícias e a vileza como honras, e pelo seu nome todos os suplícios se fazem para eles doces.
 Na verdade, diz-se por causa deste nome: 'Saíram da sala do Sinédrio cheios de alegria por terem sido considerados dignos de sofrer vexames por causa do nome de Jesus' (At 5, 41). Portanto, se mergulha na tua mente o negrume da tristeza, se está eminente uma grave e violenta tempestade, se as costas do mar ribombam com terrível e honroso mugido, se são batidas as praias do oceano, e se também a nau está invadida pelas ondas, invoca Jesus, que se julga estar a dormir nas navios, mas é um Jesus que nem dorme nem dormita; e com toda a fé diz-lhe: 'Levanta-te, Senhor Jesus'. 
Oh! Nome de Jesus exaltado acima de todo o nome, oh! gozo dos Anjos, oh! alegria dos justos, oh! pavor dos condenados: em Vós está a esperança de qualquer perdão, em Vós toda a esperança da indulgência, em Vós toda a expectativa de glória. Oh! Nome dulcíssimo, Vós dais o perdão aos pecadores, renovais os costumes, encheis os corações de doçura divina. Oh nome desejável, nome admirável, nome venerável, Vós, nome de rei Jesus, assim levantais ao mais alto dos céus os espíritos, que todos os que principam a ter devoção a este nome, graças a ele encontram a glória e a salvação, por Jesus Cristo nosso Senhor.

(Homilia de São Bernardino de Sena, o grande promotor da devoção ao SS. Nome de Jesus.)

  Beato Ciríaco Elias Chavara
Ciríaco Elias Chavara nasceu em 10 de fevereiro de  1805. Filho de pais piedosos, foi levado à igreja Sírio-Malabar, em Kainakary (Índia),  tendo sido batizado no oitavo dia após seu nascimento, conforme o costume local.  
Entre os  cinco e dez anos de idade freqüentou a  escola do vilarejo (Kalari), onde foi  educado e submetido aos estudos das línguas e diferentes dialetos, bem como das ciências elementares. Seu orientador era um professor hindu, de nome Asan.  Inspirado pelo desejo ardente de tornar-se um sacerdote,  ingressou nos primeiros estudos sob a  orientação do pároco da igreja de  São José.  
No ano de 1818, quando tinha 13  anos de idade,  o menino Ciríaco ingressou no seminário de Pallipuran, e teve como reitor Tomás Palackal.  Sua ordenação sacerdotal deu-se em 29 de  novembro de 1829, quando tinha 24 anos de idade, tendo celebrado sua primeira missa na igreja de Chennankari. 
Logo após sua ordenação, foi-lhe, primeiramente, destinado o ministério pastoral. Entretanto, assim que pôde, retornou ao seminário de origem  para pregar e  também assumiu as funções de substituir o reitor Tomás Palackal,  quando de  sua ausência.   Desta forma, juntou-se a  Tomás Palackal e Tomás Porukara, que estavam  planejando a  formação de uma congregação religiosa. Em 1830 recebeu  a  missão de  ir  para Mannanam, a fim de construir a primeira casa da congregação, cuja pedra  fundamental foi lançada no dia 11 de maio de 1831. Com a morte de ambos os idealizadores da congregação, Ciríaco  assumiu com empenho resoluto a liderança para o seu estabelecimento. No dia 8 de dezembro de 1855, festa da Imaculada Conceição, fez  a profissão religiosa junto com outros dez companheiros. Estava assim  consolidada  a Ordem Carmelita de Maria Imaculada. 
Permaneceu como prior-geral de todos os  monastérios da Congregação no período compreendido entre 1856 até  sua morte, em  1871.
"O dia em que você não prestar algum auxílio aos outros não será contado entre os dias da sua vida."

Combateu heroicamente a igreja de Kerala durante um grande cisma que atingiu a Igreja local no ano de 1861.  Com a supressão das  sedes de Cranganor e Cochin, por decisão do Papa Gregório XVI muitos anos antes (1838), todos os  católicos malabares passaram a ser subordinados da  Sede de Verapoli. Durante este período,  cismáticos que defendiam a manutenção de ritos indianos/orientais nas cerimônias da Igreja tiveram de suportar, contrariados, as ordens de uma autoridade de rito latino, e acabaram tentando estabelecer um prelado próprio por intercessão do patriarca caldeu José Audo VI. Este mandou-lhe, em 1861,  um bispo caldeu de nome Tomás Rokos que, sem autoridade eclesiástica reconhecida por Roma,  tentou inutilmente impor liderança e autoridade sobre a comunidade católica local. Pela resistência que encontrou, principalmente pela atuação brilhante de Ciríaco, que manteve e difundiu fidelidade a Roma,  a  autoridade de Tomás Rokos não foi reconhecida, tendo de  retornar para seu local de origem. Em decorrência dos fatos, Ciríaco Elias Chavara foi nomeado como Vigário-Geral da Igreja Sírio-Malabar pelo Arcebispo de Verapolly.  Por isto,  desde aquele tempo até hoje, é reconhecido pela  comunidade católica e pelos mais altos dignitários da Igreja como defensor da Igreja de Cristo, pela sua incansável e árdua luta pelo  respeito e fidelidade a Roma, especialmente sua histórica  liderança, rápida e eficaz no combate à infiltração cismática de Tomás Rokos.  
O  cisma,  embora não tenha  prevalecido,  deixou rastros de malignas divisões, que persistem até hoje na região. Isto porque,  três anos após a morte do Beato Ciríaco (1874),  um bispo, de nome Mar Elias Mellus, recusando-se a  obedecer às ordens  de Roma, formou uma comunidade  independente, denominados "melusinos",  cujos seguidores  totalizam  cerca de  5 mil nos dias de hoje.
Se a Igreja Católica  possui base em grande parte daquelas comunidades, isto se deve ao grande  Beato. Não fosse seu empenho e  o apoio de católicos iluminados por Deus, certamente o catolicismo estaria hoje extinto na região. 
Após contrair  doença de curta duração, porém extremamente dolorosa, Ciríaco Elias Chavara entregou santamente sua alma a  Deus, como mencionamos, no ano de 1871, na cidade de Koonammavu, próximo de Kochi.

Oração
Deus, nosso Pai, suscitastes o Beato Ciríaco Elias Chavara, Vosso presbítero, para consolidar a unidade da Igreja. Concedei-nos, por sua intercessão, que, iluminados pelo Espírito Santo, possamos discernir sabiamente os sinais dos tempos e difundir, por palavras e obras, o anúncio do Evangelho entre os homens. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, na unidade do Espírito Santo. Amém.

Fontes:

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